sábado, 21 de maio de 2022

LUGARES ESPETACULARES - AS COLINAS DE TSODILO, BOTSUANA

Muitas vezes considerada um dos berços da humanidade, a África possui sítios arqueológicos excepcionais; entre eles destaca-se, sem dúvida, as Colinas de Tsodilo, localizadas na região norte de Botsuana.

Botsuana foi um antigo protetorado britânico, com o nome de  Bechuanalândia. Após a sua independência, em setembro de 1966, adotou o nome atual. É um país sem acesso ao mar, o maior produtor de diamante do mundo e dominado em grande parte pelo deserto de Kalahari. A capital e cidade mais populosa é Gaborone;  a densidade populacional (que é a relação entre o número absoluto de habitantes e a área ocupada) é uma das menores do mundo. 

Tsodilo é um dos maiores sítios de arte rupestre do mundo. Já foi chamada de "Louvre da África", dada a significativa importância cultural da área. São cerca de 4.500 pinturas, preservadas em uma área de apenas 10Km quadrados. 

O sítio arqueológico nos apresenta um testemunho das atividades humanas e das modificações climáticas ocorridas nos últimos 100.000 anos. 

Tsodilo é patrimônio cultural pela Unesco desde 2001.


Pintura rupestre em Tsodilo, Botsuana. Foto de Oliver Vass. In: WC. SS BY S-A 3.0

Dois rinocerontes representados em Tsodilo. Foto de Oliver Vass. In: wc 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

LUGARES ESPETACULARES - PALÁCIOS REAIS DE ABOMEY (REINO DE DAOMÉ)

O Benin é um país africano pouco conhecido, localizado na região ocidental daquele continente. Antiga possessão francesa durante o século XX, corresponde ao antigo "Reino de Daomé" (ou ainda "Dahomey"). 

Hoje, o país conta com dois patrimônios reconhecidos pela Unesco, um cultural e outro natural - o cultural são os interessantes "Palácios Reais de Abomey", localizados na sul de Benin.

Abomey corresponde ao nome da antiga capital do Reino de Daomé. 

Palácios Reais do Reino de Daomé. Foto de Karalyn Monteil. CC - BY -SA 3.0 

O Reino de Daomé (ou Dahomey) foi constituído no século XVII e persistiu até o início do século XX, e contou com 12 (doze) reis, iniciando com Houegbaja em 1645 e encerrando-se com Agoliabô, num reinado que durou entre 1894 e 1900. Há ainda alguns historiadores que consideram que Daomé contou com três ordens de reis: a primeira,  com dois reis, entre 1600 e 1645, no chamado Reino de Abomey; a segunda, dos dozes reis, chamado de Reino de Daomé, entre 1645 e 1900; e entre 1900 e 2022 ainda temos os chamados "Regradores de Cerimoniais". 

Esse sítio arqueológico interessante do Benin é, hoje, a única reminiscência do antigo Reino.  É um lugar bastante interessante, que engloba, em uma área de 47 hectares, dez palácios reais, correspondente a dez reis de Daomé. Era costume da época cada rei construir o seu próprio palácio, na área demarcada. 

Trazemos aqui trecho da explicação acerca dos palácios reais de Abomey, em tradução direta do inglês do site da Unesco:

"Esses palácios obedecem aos princípios relativos à cultura Aja-Fon, e constituem não apenas o centro de tomada de decisões do reino, mas o centro para o desenvolvimento de técnicas artesanais e armazenamento dos tesouros do reino. O local consiste em duas partes, já que o palácio do rei Akaba é separado do de seu pai Wegbaja por uma das principais estradas da cidade e algumas áreas residenciais. Essas duas áreas são delimitadas por paredes de espiga parcialmente preservadas. (...) Hoje os palácios não são mais habitados, mas os do Rei Guezo e do Rei Guelé abrigam o Museu Histórico de Abomey, que ilustra a história do reino e seu simbolismo através do desejo de independência, resistência e luta contra a ocupação colonial".

Do texto da Unesco, esclareça-se que Aja e Fon são etnias africanas, a primeira no que hoje corresponde ao Togo, e a segunda relativa à Daomé, que hoje é o Benin. Togo e Benin, diga-se, são hoje países vizinhos, entre Gana (que faz divisa com Togo) e Nigéria (que faz divisa com Benin). 

Por fim, uma curiosidade interessante sobre o Reino de Daomé: foi a primeira nação a reconhecer a independência do Brasil em 1822.

Poucas pessoas já se aventuraram por Benin, e uma dessas expedições pode ser vista no site http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/expedicao-no-benim-conheca-abomey-a-cidade-rica-em-historia-e-vestigios-do-reino-do-daome.  Neste link é possível ver uma série de informações e experiências trazidas por dois brasileiros que viajaram por Benin, Gana e Togo durante 60 dias - inclusive destacam a melhor maneira de se chegar ao local, através das cidades de Benin, sendo a melhor opção Bohicon.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

LUGARES ESPETACULARES - SHOAL BAY, ANGUILLA, CARIBE

 

A cor do mar do Caribe é simplesmente espetacular. 

E Anguilla tem, talvez, a praia número 1 do Caribe: Shoal Bay.  De areias brancas contrastando com o azul que só o caribe tem, é realmente belíssima. 

Shoal Bay, em foto de domínio público. 


Anguilla, é importante destacar, é um território britânico ultramarino, com população estimada em menos de 15.000 habitantes, menor que boa parte das cidades brasileiras. Quem reina por lá é ainda a Rainha Elizabeth II, que nomeia um administrador local para cuidar da ilha. 

A economia de Anguilla tem seu suporte no turismo, nos bancos estrangeiros (é um paraíso fiscal) e pesca. A língua oficial é o inglês e a maioria da população é protestante. A capital é The Valley.

Anguilla é uma boa sugestão para quem gosta de praia. 


domingo, 4 de abril de 2021

O NOTÁVEL MUSEU CALOUSTE GULBENKIAN DE LISBOA

Turco de nascimento e de origem armênia, Calouste Gulnenkian (1869-1955) foi um grande fomentador da cultura em Portugal. 

 A sua fabulosa coleção, composta de obras de arte, tapetes persas, entre outros artefatos, faz parte de um dos museus mais interessantes da Europa: o Museu Calouste Gulbenkian de Lisboa. Lisboa recebeu essa coleção derivada do testamento do mecenas, que previa a criação de uma fundação com o seu nome e que tinha quatro áreas como prioritárias: a benemerência, a arte, a educação e a ciência. 


Calouste Gulbenkian.



A coleção é composta de mais de 6.000 objetos,  adquiridos entre 1898 e 1953. A notável coleção, bastante eclética e sem especialização, abrange um grande período da história: vai desde o Egito de cerca de 2.500 a. C até a França da década de 1930. 

Desde 1969 o museu está aberto ininterruptamente, em um conjunto arquitetônico moderno belíssimo e extremamente agradável de se visitar, incluindo um jardim. 

A exposição permanente tem as seguintes divisões: arte egípcia; arte greco-romana; arte mesopotâmica; arte do oriente islâmico; arte armênia; arte do extremo-oriente (chinesa e japonesa); arte europeia (marfins e iluminuras; pintura e escultura; escultura, medalhística, arte decorativa e arte do livro); artes decorativas francesas do século XVIII; pintura e esculturas francesas do século XVIII; ouriversaria; pintura e esculturas anglo-francesas dos séculos XVIII e XIX; pinturas e esculturas francesas do século XIX; obras de René lalique (Lalique, que viveu entre 1860 e 1945, foi um mestre vidreiro e joalheiro francês, com obras notáveis e modernistas).

Arte egípcia.

Arte egípcia. 

Arte egípcia. 



Gulbekian não comprava peças aleatoriamente. Nesse sentido, sempre contava com grandes especialistas em artes, egiptólogos, historiadores, etc. Daí os espetaculares destaques da sua coleção de nível internacional. 

Além das maravilhosas pinturas, em que se destacam artistas do porte de Rembrandt, Rubens, Guirlandhaio, Manet, Degas, pode-se citar como pontos altos do museu também o núcleo de esculturas, o de tapeçarias (bastante impressionante), o mobiliário francês de Luís XV e Luís XVI, além das joias de René Lalique, com destaque para a belíssima "Libélula", uma peça sem igual. Para quem gosta de história, é um prato cheio observar as artes da antiguidade egípcia, mesopotâmica e greco-romanas, civilizações que deram início e moldaram o mundo em que vivemos. 


Tapeçaria. 

Arte chinesa. 

Arte chinesa. 

Arte chinesa. 


Díptico com Cenas da Paixão de Cristo. Arte Europeia medieval. 


Retrato de Uma Jovem, de Ghirlandaio. Florença, 1490.


Pintura europeia. 



Pintura europeia. 

Arte decorativa. Armários de Boulle, datados de 1.700.

Artes decorativas. 

Escultura. 

 

A fabulosa Libélula de Lalique. 



Serviço

Museu Calouste Gulbenkian

Av. de Berna, 45 A, Lisboa.

Em tempos normais, não abre às terças. Abre de quarta a segunda, das 10 às 18 horas. 

O jardim tem entrada livre todos os dias, até o por-do-sol.  

Metrô: São Sebastião (linhas vermelha e azul) e Praça de Espanha (linha azul).

Ônibus (os "autocarros" portugueses): 716, 726,756 (Av. de Berna); 746 (Av. Antônio Augusto de Aguiar); 713,742 (Rua Marques de Fronteira).

Lisboa Sightseeing: Linha Oriente e Linha de Belém. 

Trem: Estação de Entrecampos fica a 15 minutos do museu, a pé. 

Acessibilidade total. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

CIDADES ESPETACULARES - MELAKA E GEORGE TOWN, MALÁSIA

Comumente costumamos lembrar da Malásia a partir de sua capital Kuala Lumpur e de suas magníficas torres Petronas, que já foram os edifícios mais altos do mundo com seus 451 metros de altura. Mas a Malásia é muito mais: tem belas praias, florestas tropicais e, culturamente, é um "mix" de influências malaias, chinesas, europeias e até indianas. Tem, também, dois patrimônios mundiais naturais e dois patrimônios mundiais culturais pela UNESCO - Melaka e George Town, localizadas no Estreito de Malaca, pertencem à última categoria, declaradas em 2008 "Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO".
 
O Estreito de Malaca, importante destacar, é uma fundamental passagem do oceano Índico para o Pacífico, sendo, inclusive, motivo de discórdia entre duas potências do século XXI: EUA e  China.  Tudo isso porque 25 por cento do comércio mundial passa pelo Estreito, sendo ainda importante para as exportações e o escoamento da produção de petróleo de muitos países asiáticos. O estreito já esteve nas seguintes mãos: primeiro, os portugueses, depois os holandeses e ingleses, até chegar no predomínio americano, potência que possui bases militares na região. Esse predomínio americano, que ainda conta com apoio australiano e inglês, é que causa temor na China e nos países asiáticos, com riscos de estrangulamento, diante de qualquer ordem americana, de suas rotas comerciais.  

A UNESCO, vale dizer, considera que Melaka e George Town "constituem uma paisagem urbana arquitetônica e cultural única sem paralelo em qualquer lugar no leste e no sudeste da Ásia" (https://whc.unesco.org/en/list/1223/).  Continua a UNESCO, nesse mesmo endereço, descrevendo as duas cidades nos seguintes termos:

"Melaka e George Town, cidades históricas do Estreito de Malaca, desenvolveram mais de 500 anos de de comércio e intercâmbios culturais entre o Oriente e o Ocidente no Estreito de Malaca. As influências da Ásia e da Europa dotaram as cidades de uma herança multicultural específica que é tangível e intangível. Com seus prédios governamentais, igrejas, praças e fortificações, Melaka demonstra os primeiros estágios desse história originada no sultanato malaio do século XV e nos períodos português e holandês no início do século XVI. Com edifícios residenciais e comerciais, George Town representa a era britânica do final do século XVIII".  (https://whc.unesco.org/en/list/1223/
 
Melaka e George Town, portanto, condensam em seus limites as influências fundamentais de países que estiveram por ali, dominando o comércio, em outras épocas, como os portugueses, os holandeses e os ingleses. Cita-se aqui Afonso de Albuquerque (1452-1511), um destacado fidalgo português considerado o desbravador do Império Português no Índico e responsável por conquistas como Malaca e Goa, na Índia. A Famosa, em Melaka, é o símbolo da presença portuguesa na cidade.

Memorial da Independência, Melaka, arquitetura típica local. In: WC. CC BY - SA 3.0

Restos da Fortaleza "A Famosa", erigida pelo português Afonso de Albuquerque em 1511.

         In: WC.  CC BY-SA 3.0

George Town, Malásia. Foto: Alexey Komarov.  CC BY-SA 3.0.

domingo, 30 de agosto de 2020

CIDADES ESPETACULARES - LUANG PRABANG, LAOS

O Laos é uma república asiática que faz fronteira com Tailândia, Vietnã, Camboja, China e Myanmar. Politicamente, o país é considerado ainda pela CIA como comunista (ver World CIA Factbook - Laos, na internet), com apenas um partido, o Partido Revolucionário Popular de Laos. Ainda que tenha esses contornos comunistas, observa-se uma maior aproximação do país com o capitalismo, tendo se desenvolvido uma classe média derivada das rendas obtidas com a indústria têxtil. O turismo é outra fonte de renda. Luang Prabang, localizada na região norte,  é a maior atração turística daquele país, considerada como a sua capital religiosa (o budismo é a principal religião) e cultural. É considerada, com muita justiça, Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO desde 1995. 

Mapa do Laos
Mapa do Laos. A capital Vientiane e Luang Prabang um pouco mais acima.

O nome "Luang Prabang" deriva da estátua de Buda doada pelo Camboja, chamada "Prabang". A cidade está localizada em uma região montanhosa, construída em uma península formada por dois rios: o famoso Mekong e o Nam Khan. 

A criação da cidade faz surgir muitas lendas - a  mais famosa conta que Buda descansou na cidade por alguns dias e sorriu, profetizando que, em alguns anos, aquele local seria uma rica e próspera cidade.

A sua história também tem muitos aspectos interessantes, que acabaram gerando a influência que a cidade tem hoje em termos de arquitetura.

Criada com o nome de Muang Sua, Luang Prabang, entre os séculos 14 e 16, foi capital do poderoso reino de Lane Xang (ou Reino dos Milhões de Elefantes), cuja riqueza derivava do fato de ser uma local de passagem da Rota da Seda e cuja importância cultural derivava do fato de ser o centro principal de budismo da região.

Depois do estabelecimento do protetorado francês em 1843, em que o Laos foi dividido em três reinos, Luang Prabang virou capital de um deles - Reinado de Sisavang Vong, antecedente do Laos, permanecendo capital de Laos até que Vientiane ganhou status de capital administrativa em 1946. 

Luang Prabang mistura arquitetura típica laosiana com a europeia, fruto da colonização que ocorreu no século XIX. 

Dois monumentos da cidade são imperdíveis: o Wat Xieng Thong e o Complexo do Palácio Real. 

Wat Xieng Thong, o monumento máximo de Luang Prabang. Foto: Basile Morin.In: WC.


Wat Xieng Thong quer dizer "Monastério da Cidade Dourada". É o maior símbolo religioso do Laos, sendo um complexo também com vida própria, ou seja, não é um local apenas turístico, envolvendo a vida diária dos monges que, inclusive, vivem no complexo. O local tem, além dos locais habitados por monges e noviçõs, sala de meditações, a Capela Vermelha, o Pavilhão do  Buda Sentado, a Biblioteca Tripitaka (com textos budistas sagrados). Há, também, um tambor para dias de orações especiais.  O interior do templo é bonito, com murais bem trabalhados. O teto, em três dimensões, é bastante charmoso e típico das construções religiosas locais. 

O Palácio Real de Luang Prabang é também outra grande atração da cidade. Construído em 1904, sua função de palácio real terminou em 1975, ano em que os comunistas tomaram o poder e o transformaram em museu nacional. O Palácio, construído durante a era colonial administrada pela França, tem características europeias em combinação com temas laosianos. É no complexo do palácio, hoje museu, que se encontra o Prabang, no templo Haw Pha Bang, o buda que veio ao Laos no século XVI e que deu nome à cidade.


Palácio Real de Luang Prabang. Foto: Allie Caufield. in: Wikimedia Commons. CC BY SA 2.0

Fora dos monumentos, destaca-se também a "Procissão da Ronda das Almas", feita na cidade por monges budistas todos os dias, no nascer do sol. É uma caminhada onde os fieis oferecem comida aos monges. 

A principal rua, onde se concentram os bares, restaurantes e comércio é a Sakkaline Road; já a dos hotéis mais importantes é a Kingkitsarath Road. 

Outras atrações da cidade, segundo os guias de viagem: Wat Siphoutabath, Wat Sene, Wat Pa Phai, Wat Visounarat, Wat Manolom, Wat That Luang, Ban Xang Khong, Ban Phanom, Mount Phou Si e Chomsi, Wat Mai Suwannaphumaham, Wat Xieng Mouan, Cachoeira Tat Kuang Si; Cachoeira Tat Sae.

domingo, 28 de junho de 2020

LUGARES ESPETACULARES - BYBLOS, LÍBANO

A Fenícia possuía muitas Cidades-Estados de grande importância - Byblos é, indiscutivelmente, uma das mais relevantes. Byblos destaca-se em três pontos: é o mais antigo porto comercial da Fenícia; difundiu o papiro (planta da família das ciperáceas) como material de escrita; e, finalmente, como mais importante centro de difusão do alfabeto fenício que serviu de fonte para a constituição de outros alfabetos, como o grego, o latino, o aramaico e o russo. 

Alfabeto Fenício descoberto em Byblos.

Em 1984 a UNESCO declarou Byblos como Patrimônio Mundial Cultural da Humanidade. Tal fato se deu tendo em vista que Byblos é um centro com muita história, não só a fenícia, mas também com influências persas, romanas, bizantinas, medieval e otomana. 

Um castelo do século XII, medieval portanto, é a principal atração das ruínas de Byblos. Há, ainda, a Catedral de São João e a Tumba de São Charbel. 

Castelo de Byblos. In: WC. CC BY-SA 3.0
A proximidade do mar é que deu a vocação principal da cidade: ser um importante porto comercial da Fenícia, o que se traduz, nos tempos atuais, em um contraste entre as ruínas e o Mediterrâneo.

Byblos e o mar, indissociáveis.
Algumas curiosidades aumentam o interesse para quem visita Byblos: primeiro, a cidade de Byblos é considerada uma das mais antigas do mundo (talvez superada apenas por Jericó, nos Territórios Palestinos), sendo habitada, de maneira ininterrupta, por mais de cinco mil anos - portanto, antes mesmo do alvorecer da civilização fenícia que lhe deu a fama inicial.; o nome Byblos vem do grego "pergaminho", "papiro" ou "livro", sendo  a palavra que deu origem também ao termo Bíblia. 

Todos os roteiros turísticos do Líbano contemplam Byblos.

domingo, 21 de junho de 2020

LUGARES ESPETACULARES - BAALBEK, LÍBANO

A civilização fenícia floresceu em uma estreita faixa de terra situada entre o Mediterrâneo e as montanhas do Líbano. Como não havia um solo propício para a agricultura e pecuária, os fenícios lançaram-se ao mar, dominando, por três séculos, o mar Mediterrâneo. Tal domínio aconteceu séculos antes de Cristo. Uma outra importante característica dos fenícios é a de que não havia um Estado unificado, mas sim Cidades-Estados, podendo ser citadas Ugarit, Biblos, Sídon, Tiro e Baalbek , esta última motivo da nossa publicação, cujas ruínas são Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1984.  

O nome Baalbek engloba duas informações fundamentais da Fenícia: o deus Baal, cultuado por aqueles povos e Bek (Beqaa), o vale onde foi fundada -  portanto, "O Deus Baal do Vale de Beqa", formando o nome ainda atual.

Embora seja uma cidade fundada pelos fenícios, Baalbek teve seu real apogeu durante o período romano, dominada inicialmente entre 27 a. C e 14 d. C, e embelezada por vários imperadores posteriormente, sendo denominada pelo grande império de Heliópolis ("Cidade do Sol").  Ela é considerada um dos melhores exemplos de arquitetura típica romana durante o apogeu do império. 

A principal atração é o Templo de Jupiter, homenagem ao deus romano qualificado como o "Rei dos Deuses", ou seja, um equivalente romano do Zeus grego. Ademais, era o Deus também do dia, da noite e do trovão. Pois bem, milhares de peregrinos visitavam o templo em adoração ao maior dos deuses. Assim, Baalbek é celebrada como um grande santuário da antiguidade, o que a fez ficar famosa e que, indiscutivelmente, tornou-a motivo de declaração de imenso valor cultural pela UNESCO. 

Templo de Júpiter, em Balbeque. In: WC.
Mas ainda que o Templo de Júpiter seja a principal atração, o mais bem conservado, e bonito, templo é o que homenageia Baco, Deus do Vinho e filho de Júpiter.  Justifica-se a homenagem por ser a região conhecida pelos seus vinhedos - o Vale do Beqaa se insere no triângulo entre Cáucaso, Sul da Palestina e Mesopotâmia, justamente a região berço da produção do vinho.

O impressionante Templo de Baco, em Balbeque. CC BY-SA 3.0 Foto: WC.

Há ainda o Templo em homenagem à Vênus, a deusa romana do amor. Vênus era a divindade protetora de Balbeque. Posteriormente, com a conversão dos romanos ao cristianismo, o templo foi transformado em igreja dedicada à Santa Bárbara.

Templo de Vênus em Balbeque. CC BY-SA 3.0 In: WC
Assim, os romanos embelezaram Baalbek, com o firme propósito de impressionar nações do oriente com a demonstração de impensável poderio. De obscura cidade fenícia para um centro rico culturalmente falando, esse foi o legado e o destino de Baalbek. 

A cidade ainda foi dominada por árabes, que ali construíram uma mesquita e também pelo Império Otomano.

Uma curiosidade interessante é que Baalbek é a terra natal do Hezbollah, grupo militante islâmico da vertente xiita. 

As ruínas ficam a 90 km de Beirute, e têm uma intensa atividade turística, justificada inteiramente se consideramos os cinco mil anos de história. Entre abril e outubro é a melhor época para se visitar o Líbano.

terça-feira, 14 de abril de 2020

LUGARES ESPETACULARES - PAFOS (PAPHOS), CHIPRE

O mundo tem inúmeros sítios arqueológicos que são famosos e dão a dimensão de como as civilizações do passado foram engenhosas e ricas culturalmente. Assim, temos sítios que representam várias civilizações importantes, como Angkor Wat (Camboja, Kmer Vermelho), Machu Picchu (Peru, Inca), Tikal (Guatemala, Maia), entre outros. Há também sítios arqueológicos menos conhecidos, mas não menos ricos culturalmente.  Nesse âmbito menos conhecido, destaca-se Pafos, localizado no Chipre.

O Odeon de Pafos. Foto: Paul Lakin. CC BY SA 3.0 In: WC


Pafos ajuda a entender o modo de vida de povos bem antigos, eis que surgiu ainda antes de Cristo, havendo notícia de ocupação humana no Neolítico (Pré-História). 

O local tem nítida presença de cultura grega, notadamente a mitologia, sendo um lugar de culto de Afrodite. Antes, vale dizer, eram cultuadas deusas da fertilidade pré-helenísticas, notadamente mesopotâmicas e fenícias, a exemplo de Ishtar (mesopotâmica) e Astarde (Fenícia).  

O sítio arqueológico é dividido em duas partes: Kato Paphos e Kouklia. Kato Paphos inclui os restos da antiga Nea Paphos (a cidade sagrada de Afrodite) e as Tumbas dos Reis. Já a vila de Kouklia inclui os restos do Templo de Afrodite (Santuário de Afrodite) e Palaepaphos (Velha Paphos). 

Paphos é considerado um sítio de importância cultural justamente pelo fato de estar relacionado ao culto de  Afrodite (Vênus era sua equivalente romana), a Deusa do Amor, que, sob a influência dos poemas de Homero, tornou-se o ideal de beleza e amor, inspirando poetas e escritores durante toda a história da humanidade. 

Uma curiosidade: pela mitologia, Afrodite teria nascido em Pafos, o que lhe garantiu um apelido ligado ao nome atual do país - "Cípria". Pafos foi o principal local de culto da deusa do amor e é esse valor que fez com que o sítio arqueológico ganhasse importante projeção turística internacional.

O destaque de Pafos, além do bem conservado Odeon (foto acima), são seus lindos mosaicos, considerados entre os mais belos do mundo. 

Mosaico. Pafos (Paphos). Foto de Arnold Schott. In: WC
 
Mosaico. Pafos (Paphos). Foto de Arnold Schott. In: WC

É, desde 1980, "Patrimônio Mundial Cultural" pela UNESCO. 

segunda-feira, 13 de abril de 2020

LUGARES ESPETACULARES - MOSTEIRO DE RILA, BULGÁRIA

A Bulgária tem como principal religião o cristianismo ortodoxo - mais de oitenta por cento da população pertence à igreja ortodoxa. E um dos maiores símbolos da religião ortodoxa no país é justamente o Mosteiro de Rila, uma das maiores atrações turísticas daquele país.

O mosteiro foi fundado por São João de Rila, antes Ivan Rislki (876-946), que hoje é santo tanto na Igreja Ortodoxa quanto na Igreja Católica, o que comprova a riqueza espiritual de sua vida baseada em jejuns e privações. João permaneceu grande parte de sua vida em uma caverna da região montanhosa do mosteiro, tornou-se popular e hoje é o padroeiro da Bulgária.  Fez vários milagres e por isso é venerado como santo. 

O Mosteiro de Rila nas montanhas. Foto: Peter Dlouhý. Em: WC. CC BY-SA 3.0

O complexo é grande - são 8.800 metros quadrados, a uma altitude de 1.147 metros. Há no complexo 300 celas onde os monges dormem, distribuídas em quatro andares.

Sofia fica a 120 km. Assim, é possível fazer um passeio bate e volta para o local, conhecendo-se o interior  e as suas duas atrações principais - a Torre Hreliov e a Igreja da Natividade da Virgem. 

A Torre Hreliov, belíssima, foi criada ainda na idade média, entre 1334 e 1335, sendo a única estrutura que não sofreu danos com o incêndio que atingiu o local no início do século XIX.

Torre Hreliov. Rila. Foto: Mark Ahsmann. In: WC. CC BY SA 4.0.

Por sua vez, a Igreja da Natividade da Virgem foi construída após o incêndio, em 1834-1837. Com muitos afrescos, altares e capelas, agrada em cheio os turistas que a visitam. 

Igreja. Mosteiro de Rila. Foto: Octavioyuna. In: WC. CC BY-SA 4.0.


Uma curiosidade: é possível até se hospedar no Mosteiro de Rila, mas um aviso: não há comida no local e só abre com a luz solar. 

O fabuloso Mosteiro de Rila é Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO desde 1983. 

domingo, 12 de abril de 2020

LUGARES ESPETACULARES - COMPLEXO DO CASTELO DE MIR, BELARUS

Castelos são residências fortificadas, símbolo de uma era, a medieval. A Europa conta com diversos castelos em vários países. Construídos por reis ou nobres feudais, os castelos tinham função defensiva, em época que eram comuns ataques. Podiam servir também como prisões. Um bastante interessante é o Castelo de Mir, na Belarus (ou Bielorússia, a chamada "Rússia Branca").

Construído no século XV, o Castelo de Mir é Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO desde 2000. Inicialmente construído em estilo gótico, após destruído foi reconstruído no estilo barroco. Durante o período napoleônico, o castelo sofreu muitos danos, sendo novamente reconstruído no final do século XIX. Na sua reconstrução, houve uma maior integração com a natureza, criando-se um parque adjacente, transformando a paisagem. 


Castelo de Mir. Foto: Alexxx79. In: WC.

Durante a Segunda Guerra (1939-1945), o castelo de Mir foi tomado pelas forças nazistas e ali foi instalado um gueto para abrigar a população judia local. 

Há várias excursões saindo de Minsk, capital de Belarus que dista 100 km do local.

LUGARES ESPETACULARES - MBANZA KONGO, ANGOLA

Vamos voltar no tempo, mais precisamente a partir do século XIV. A partir dessa data histórica surge, no sul da África, o Reino do Congo, que perdura até o século XIX. Um dos vestígios mais significativos dessa cultura é Mbanza Kongo, antiga capital daquele reino  e hoje sítio arqueológico localizado em Angola, patrimônio cultural da humanidade desde 2017.

O Reino do Congo foi descoberto pelos portugueses em 1483, por obra do explorador Diogo Cão, que ali aportou na foz do rio Congo. Houve influência decisiva do reino Português para que as práticas religiosas do Congo passassem a ser majoritariamente católicas (antes, havia naquele local religião tradicional africana). 

A descoberta do Reino do Congo pelos portugueses foi fundamental para a colonização de Angola. E mais. A partir do início da colonização, Portugal funda cidades como Luanda (1575) e Benguela (1617), que se tornaram  bases para o comércio de escravos.  

Batalhas fizeram com que o Reino do Congo fosse perdendo paulatinamente a sua independência, até se tornar estado vassalo de Portugal. O último dos 48 monarcas do Congo, Pedro VII, já era um rei de um estado vassalo. 

D.Pedro VII, Rei do Congo e sua rainha Elizabeth.

Relevante mencionar também que o Reino do Congo tinha uma abrangência significativa, sendo dividido pelas potências colonialistas, ou seja, não só Portugal teve acesso a essas terras. Assim, a dilaceração do Reino do Congo se deu em três partes: África Equatorial Francesa (que hoje são quatro estados, a saber, Congo, Gabão, República Centro-Africana e Chade, todas possessões francesas à época do colonialismo), Congo Belga (que já foi Zaire e hoje é República Democrática do Congo, circo de horrores do rei belga Leopoldo durante o colonialismo e depois de Mobutu a partir de 1971) e Angola. Portugal, vale dizer, manteve o domínio sobre Angola e, principalmente, sobre Mbanza Kongo, então chamada pelos portugueses de São Salvador do Congo. 

Angola, importante destacar, só conseguiu se tornar independente de Portugal em 1975. Hoje o cristianismo domina a cena religiosa - 93 por cento da população - sendo a maioria de católicos (cerca de 60 por cento). A língua oficial é o português, existindo várias línguas regionais, nas quais inclui-se o congo e o umbundu. 

É um país com história de muitas lutas, mas com significativa mancha decorrente de um colonialismo europeu exacerbado, com tristes episódios, como a escravidão, por exemplo.

Assim declarou a UNESCO, quando da concessão do título de Patrimônio Cultural da Humanidade à Mbanza Kongo, sem adentrar no terreno pantanoso do colonialismo:

"A cidade de Mbanza Kongo, situado num platô a 570 metros de altitude, era a capital política e espiritual do Reino do Kongo, um dos maiores estados constituídos na África Austral dos séculos 14 a 19. A área histórica cresceu em torno da residência real, da corte costumeira e da árvore sagrada, além dos locais fúnebres reais. Quando os portugueses chegaram no século 15, acrescentaram edifícios de pedra construídos de acordo com os métodos europeus à aglomeração urbana existente,  construída com materiais legais. Mbanza Kongo ilustra, mais do que em qualquer lugar da África Subsaariana, as profundas mudanças causadas pela introdução do cristianismo e pela chegada dos portugueses à África Central". (Tradução para o português do autor do presente post, referente ao texto contido no link https://whc.unesco.org/en/list/1511).
 
Ruínas da Catedral de São Salvador do Congo. CC BY-SA 3.0 In: WC.

terça-feira, 24 de março de 2020

CIDADES ESPETACULARES - SHIBAM, A MANHATTAN DO DESERTO, IEMEN.

Shibam, no Iêmen, é uma cidade realmente diferenciada, reconhecida como Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO em 1982.  Desde 2015, está inscrita como Patrimônio em Perigo, dadas as condições daquele país do Oriente Médio em constante conflito (o Sul, mais ocidentalizado, está sempre a reivindicar a sua independência do Norte, islamizado). Outro dado relevante indica que  quase cinquenta por cento da população vive em condições sub-humanas naquele país, notadamente com desnutrição.

A cidade notabiliza-se por seus arranha-céus, daí o apelido de "Cidade dos Arranha-Céus" ou ainda "Manhattan do Deserto". Ocorre que, os prédios, no deserto iemenita, são construídos em barro, ao contrário, portanto, do concreto dos arranha-céus do distrito nova-iorquino. 

Datando do século XVI, a cidade conta com  ruas empoeiradas frequentemente invadidas por cabras, mais uma vez contrastando com a ilha de Manhattan, esta última repleta de veículos automotores.

Shibam, espetacular e única. Foto de Goldzahn. In: Wikimedia Commons.
Localizada no centro do Iêmen, em pleno deserto, a cidade de Shibam conta com 7.000 habitantes. Sua localização, no cruzamento da Ásia, África e Europa, determinou sua importância como ponto de parada para negociantes da rota das especiarias. 

Os prédios característicos de Shibam foram construídos depois de 1530, após uma inundação extremamente forte que destruiu os antigos assentamentos. Os seus prédios amontoados, de cinco a oito andares, forneciam proteção contra potenciais ataques. Hoje continuam a abrigar os habitantes da cidade iemenita e traduzem uma paisagem urbana única, onde prédios relativamente altos são construídos em barro (adobe).

Em 2008, outra inundação causou um imenso estrago em Shibam, causando o colapso de muitas construções.

sábado, 7 de março de 2020

LUGARES ESPETACULARES - VALE M´ZAB, ARGÉLIA

O Vale M´Zab está localizado no coração do Deserto do Saara, na Argélia, Norte da África, a 600 km da capital do país, Argel.

Essa paisagem se destaca pelos cinco "Ksours" (singular Ksar), que são vilas fortificadas. São muito comuns no Norte da África, em países como Marrocos e Argélia, essas vilas que são verdadeiros castelos. São elas: El-Atteuf, Bounoura, Melika, Ghardaïa e Beni-Isguen, fundadas entre 1012 e 1350.

Essas cidades medievais islâmicas foram criadas pelos ibadistas. Em apertada síntese, os ibadistas pertencem à vertente islâmica do ibadismo, mais uma que se junta ao xiismo e ao sunismo. É a mais antiga vertente, fundada 20 anos após a morte de Maomé. O país em que há predomínio de ibadistas é o Sultanato de Omã, no Oriente Médio. Mas observa-se que na Argélia, séculos atrás, a tradição ibadista se iniciou (mais precisamente após a Dinastia Rustamida, que era ibadista), e pode-se dizer que ainda hoje várias comunidades naquele país do norte da África professam essa crença.  Tem muitos pontos em comum com o xiismo, alguns outros com o sunismo, o que impede a formação de uma unidade com uma ou outra vertente. Por exemplo, a crença de que Deus se revelará no Dia do Juízo é compartilhada com os xiitas, mas não com os sunistas; por outro lado, concordam com os sunitas que Abu Bakr e Omar era califas corretamente guiados. 


A UNESCO inscreveu, em 1982, o Vale M´Zab como Patrimônio Cultural da Humanidade, tendo em vista a preservação do modo de vida e das construções dos prédios desde o século XI. Valorizou-se também as criações dos ibaditas no Vale, com materiais locais, arquitetura em perfeita sintonia com o ambiente e simplicidade das formas, o que é um exemplo e uma influência na arquitetura contemporânea e no planejamento das cidades.



Beni Isguen e sua torre, no Vale M´Zab, Argélia. CC BY 3.0 In: Wikimedia Commons.




Melika, Mausoléu do Xeique Sidi Aissa. CC BY-SA 3.0. In: Wikimedia Commons.

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

PAÍSES BAIXOS, HOLANDA, REINO DOS PAÍSES BAIXOS

Apesar de adotarmos, na língua portuguesa,  o nome "Holanda" para designar o país europeu, famoso pelas tulipas e moinhos de vento,  o correto, tecnicamente, seria chamar aquela porção de terra de "Países Baixos".  O dicionário Houaiss considera Holanda como "designação não oficial dos Países Baixos" ("Pequeno Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa". São Paulo: Moderna, 2015, pág. 1051). No entanto, melhor seria definir Holanda como um conjunto de duas províncias atuais dos Países Baixos, sendo, então, incorreto designar Holanda como sinônimo, ainda que "não oficial", de Países Baixos.

Netherlands, Países Baixos, Nederland.

Assim, conforme ressaltado acima, na verdade, o designativo "Holanda" refere-se apenas a duas das doze províncias daquele país - Holanda do Norte (cuja cidade principal é Amsterdam) e Holanda do Sul (cuja cidade principal é Roterdam). As doze províncias é que são os "Países Baixos". Vale dizer que o termo "Países Baixos" é utilizado em eventos internacionais: em "neerlândes" é Nederland; em francês, Pays-Bas; em inglês, Netherlands. 

A adoção do termo Holanda talvez seja explicada pelo fato de que as suas atrações turísticas principais e cidades mais famosas mundialmente estão concentradas nas Holandas do Norte e do Sul. Assim temos Amsterdã (Holanda do Norte), Haarlem (Holanda do Norte), Haia (Holanda do Sul),  Roterdã (Holanda do Sul), Lisse (Holanda do Sul, onde estão os Jardins de Kerkeunhof). Não que outras regiões do país não tenham atrações turísticas - podemos citar aqui as cidades de Utrecht (província do mesmo nome) e Maastricht (província de Limburg) - mas o fato é que as Holandas têm, realmente, o maior número de locais turísticos.   

São "Países Baixos", diga-se,  porque um quarto da porção de terra continental europeia está abaixo do nível do mar, o que torna necessário a construção de diques e barragens.  

O "Reino dos Países Baixos", por sua vez, engloba  a porção continental europeia do país mais os caribenhos Aruba, Curaçao e Sint-Marteen. 

Há ainda três "municípios especiais" no Caribe, a saber, Bonaire, Saba e Sint Eustatius, que são chamados de "Países Baixos Caribenhos".

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A VIBRANTE MADRI E SUAS ATRAÇÕES PRINCIPAIS!

Uma cidade vibrante - seu povo costuma ficar na rua até altas horas, uma multidão que se reveza entre Puerta do Sol e Plaza Mayor. Uma cidade que tem pelo menos quatro grandes museus (Prado, Reina Sofia, Thyssen e Arqueológico Nacional), que tem futebol de primeira (dois grandes clubes disputam os torcedores locais - Real Madrid e Atlético de Madrid) e que tem, também, as combatidas "coridas de toros". Tem bons restaurantes e tem "tapas". Uma cidade que é a capital e tem o Palácio Real - embora a família real ali não resida. Tudo isso é Madri, cidade que pode ser dividida em três, em termos turísticos: a Madri Antiga, a Madri dos Bourbons e a Madri fora do centro. 

A Plaza Mayor, um símbolo de Madri.

Madri foi escolhida para ser a capital da Espanha em 1561, pelo rei Filipe II. Antes era apenas uma pequena cidade de Castela. Hoje, exibe mais de três milhões de habitantes em sua região metropolitana - é a sexta maior cidade da Europa, perdendo para Istambul (Turquia, que tem boa parte asiática), Moscou (Rússia), Londres (Reino Unido), São Petersburgo (Rússia) e Berlim (Alemanha).

A Madri Antiga é também chamada de "Madri de Los Austrias", pois foi dominada pelos Habsburgos, dinastia austríaca. Nessa região, merecem destaque: a "Puerta do Sol"; a "Plaza Mayor"; o fabuloso "Palácio Real"; a "Gran Vía"; a "Plaza de La Villa".

A Puerta do Sol é o local mais animado da cidade. Tem gente o dia todo enchendo a sua praça principal. É o coração de Madri, o coração da região central da cidade. Todas as ruas principais do centro ali desembocam. É um interessante projeto urbano de união das pessoas - ali batem pernas todos os dias não só milhares de espanhóis, mas também milhares de turistas de nacionalidades as mais diversas. É uma característica urbana que não se vê muito no Brasil, mas é interessante, pois facilita o passeio a pé e também dá dinamismo ao comércio - são dezenas de lojas, desde as que vendem suvenires, até as que vendem roupas caras.

O urso da Porta do Sol é um símbolo de Madri. O arbusto chama-se madroño.

A Plaza Mayor é um dos principais cartões-postais de Madri. Tem formato retangular, entorno com prédios de pouca altura e, no centro, a figura de Felipe III em um cavalo. Data do século XV. Ali há um histórico de inquisição, mas hoje abriga restaurantes, uma feira interessante aos domingos e muitos turistas ávidos por belas fotos.

Carlos de BH e Filipe III.

Perto da Plaza Mayor, vale dar uma parada no Mercado. É um mercado bastante interessante do ponto de vista da gastronomia - não se vendem alfaces, mas se vendem comidas. É bonito e organizado. As comidas expostas parecem obras de arte!

O organizado mercado e suas comidinhas.

O belo, cheio e organizado mercado de Madri.

O fabuloso Palácio Real, por sua vez, é o maior da Europa. Tem absurdos 4.318 quartos e a coleção mais importante de estradivários (violinos) do mundo. Destaque para a belíssima "Sala do Trono", para a Sala de Jantar de Gala e também a "Saleta de Porcelana". Indiscutivelmente é uma visita imperdível em Madri, sendo de se ressaltar a gratuidade às segundas-feiras depois das dezoito horas (levar passaporte).

O belo Palácio Real de Madri.

O belo interior do Palácio Real.

A Gran Via é um fabuloso conjunto arquitetônico de Madri e, indiscutivelmente, um dos mais belos conjuntos de prédios de todo o mundo. Dificilmente o turista verá um conjunto tão belo quanto o da Gran Via de Madri em espaços urbanos mundiais. Sempre lotada e via importante da cidade, está se encolhendo, em termos de espaço para veículos automotores justamente para dar lugar ao enorme número de pedestres.

Gran Via.

Gran Vía.

Gran Via.


Por outro lado, a Madri dos Bourbons refere-se à parte da cidade que foi embelezada pela dinastia que empresta seu nome a esse apelido. Destacam-se na Madri dos Bourbons:  Museu do Prado; Centro de Arte Reina Sofia; Museu Thyssen-Bornemisza;  Museu Arqueológico Nacional;  Puerta de Alcalá; Plaza de Cibeles; Bairro de Las Letras.

O destaque dessa parte da cidade fica para os três museus principais de Madri, que abrigam coleções de arte fabulosas: Prado, Reina Sofia e Thyssen.

O Prado é o principal do três, indiscutivelmente. O imenso prédio em estilo neoclássico, construído pelo Rei Carlos III, abriga uma das mais importantes coleções de pintura do planeta - estão ali os mais importantes pintores espanhóis (Francisco Goya, El Greco, Velazquez), e também renomados pintores de outros países europeus (Bosch, Rubens, Rembrandt, Botticelli,Tintoretto).

O Reina Sofia abriga, por sua vez, como estrela principal de seu acervo, a Guernica de Picasso. Trata-se de uma obra monumental que retrata os horrores da Guerra Civil Espanhola na cidade basca que dá nome à obra.  Um monumento que está há pouco tempo na Espanha, tendo em vista que Picasso exigiu que, enquanto houvesse ditadura naquele país (no caso, do General Franco), não haveria exposição do quadro em território espanhol.

Por sua vez, o terceiro grande museu, chamado "Thyssen-Bornemisza", é também uma visita imperdível na capital espanhola. Ali encontramos grandes gênios da pintura de todas as épocas, incluindo a arte contemporânea. Picasso tem várias obras ali - o Arlequim e a Corrida de Touros são exemplos de telas belíssimas do grande pintor espanhol presentes na coleção. Mas nem só de Picasso vive o Thyssen - estão ali obras de Renoir, Van Gogh, Gauguin, Cezanne, Kandinski, Chagall. Interessante ainda é observar a Pop Art, e nesse quesito achei muito interessante o trabalho de Roy Lichtenstein (1923-1997).  É o museu menos antigo da cidade, uma vez que a coleção da família Thyssen-Bornemisza foi adquirida pelo gorverno espanhol somente em 1992, sendo a partir daí organizada. Localizado no Palácio de Villaherrmosa,  o museu é gratuito nas segundas a partir do meio-dia. A fila é grande, mas em quinze minutos a partir da abertura já dá para apreciar as belíssimas obras de arte do local.

Arlequín con Espejo, de Picasso.

Corida de Toros, de Picasso - Cubismo.


Outro museu que merece referência por sua grandiosidade é o Museu  Arqueológico Nacional (MAN), bastante específico para os amantes das civilizações antigas. São vários andares contando a história do homem, notadamente sob a perspectiva de ocupação da Península Ibérica. É preciso de um bom tempo para apreciar todo o material arqueológico que começa na Pré-História e avança pela antiguidade.  Foi fundado em 1867 pela rainha Isabel II. Maiores informações aqui.

Vale a pena bater perna no bairro de "Las Letras", cultural ao extremo, com sebos, livrarias e tabernas, com ruas homenagendo Cervantes. 

Fora do centro, destacam-se ainda: Plaza de Toros de Las Ventas; La Latina; El Rastro; Museo de América; Paseo de La Castellana; e os estádios dos grande clubes locais, Real Madrid Club de Fútbol e Club Atlético de Madrid.

Arquitetonicamente falando, a Plaza de Toros é uma joia da capital espanhola.  É o estilo neomudejar, uma retomada do estilo árabe-muçulmano que dominou a Espanha durante alguns séculos na idade média.  A corrida de touros, ou tourada para nós brasileiros, ou ainda tauromaquia, é, hoje, um espetáculo discutível e bastante contestado por defensores dos animais. De um lado, uma tradição espanhola; de outro, a defesa dos animais e contra a crueldade. Dividida em três atos, ou "tercios" (Varas, Bandarilhas e Muerte), o espetáculo tem como grand finale a morte do touro, muito embora  toureiros, em número bem menor, costumam perder a vida nas arenas. Muitas pessoas vão ao espetáculo sem saber desse final - a morte do touro - e, chocadas, abandonam a arena na primeira apresentação - geralmente são seis apresentações, com dois toureiros realizando três cada um. É uma morte agonizante para o touro, indiscutivelmente, já que, antes da morte por espada no terceiro ato (tercio de muerte), é cravejado por lanças nos tercios anteriores no sentido de se minar sua resistência. É uma diversão que hoje já não conta com apoio integral da população espanhola, já que os tempos mudaram e coisas que eram aceitas como normais décadas atrás já não são mais.

O estilo neomudejar na arena de touros de Madri.


O toureiro em nítida vantagem contra o touro.

A arena por dentro.


La Latina merece também seu destaque. Ali há muitos restaurantes com comidas típicas, principalmente na rua "Cava Baja", que valem a visita.

El Rastro é uma feira de antiguidades. Segundo o site Viaje na Viagem, não é uma visita imperdível. 

O Museu da América parece ser um destino interessante, conforme ressaltado por um turista português que estava na fila do Thyssen no dia da gratuidade - segundo me disse, trata-se de um museu surpreendentemente bom, trazendo artefatos arqueológicos retirados de terras americanas.

Para os amantes do futebol, conforme ressaltado acima, dois times muito conhecidos no futebol europeu e mundial são de Madri: o Real  Madrid e o Atlético de Madrid. Ambos são grandes e tradicionais times porém, em matérias de títulos, não há como comparar: o Real Madri não é só o mais importante time de Madri, como do mundo. São treze títulos da Liga dos Campeões da Europa para os "merengues" (apelido do Real Madri) contra nenhum dos "colchoneros" (apelido do Atlético de Madrid). Em campeonatos espanhóis, a diferença é também significativa: são 33 títulos do Real contra 10 do Atlético.  Ou seja, uma visita ao Santiago Bernabéu, estádio do Real, seja para assistir a um jogo do Espanhol ("La Liga") ou Liga dos Campeões da Europa, ou mesmo para o "Tour Bernabéu" (museu, estádios, vestiários, sala de imprensa), é obrigatória.  Para maiores informações e compra de ingressos para o "Tour Bernabéu", acessar aqui.

O Atlético de Madri, por sua vez, durante muito tempo mandou seus jogos no Estádio Vicente Calderón. Hoje manda seus jogos no Wanda Metropolitano, estádio novo que já sediou, inclusive, final de Liga dos Campeões da Europa. Para um tour nesse estádio, acesse aqui. 

Por fim, uma menção especial às plaquinhas indicativas de nomes de ruas e avenidas de Madri - algumas são muito bonitas, expressando a história da cidade espanhola. Valorizam-se assim as pessoas que fizeram a história da cidade e da Espanha, incluindo-se as datas em que viveram, assim como os acontecimentos mais relevantes da história da capital espanhola.

Manuel Maria José de Galdo (1825-1895) foi um importante político e naturalista espanhol.
A bela placa da Arenal, uma das principais ruas de Madrid (e das mais movimentadas).